Cacareco chegou a São Paulo em 16 de fevereiro de 1958. O rinoceronte veio do Rio de Janeiro especialmente para a inauguração do zôo paulistano, que aconteceria um mês depois. A ideia é que ela (sim, apesar do nome, Cacareco era uma fêmea) ficaria por aqui apenas seis meses. Mas ela caiu nas graças dos visitantes em pouquíssimo tempo. O empréstimo foi renovado e houve até uma campanha por sua permanência. O animal era tão falado que, no ano seguinte, Cacareco recebeu quase 100 mil votos nas eleições municipais para vereador.  Virou brinquedo lançado pela Estrela e até marchinha de carnaval. “Cacareco é o Maior” foi interpretada pelo cantor Risadinha (Francisco Ferraz Neto), que também assinou a letra ao lado de José Roy.

A votação maciça de  Cacareco é considerada o primeiro caso de voto de protesto no Brasil.  Irritado com os casos de corrupção que noticiava, um jornalista paulistano, Itaboraí Martins, resolveu lançar a candidatura do rinoceronte na eleição de vereador em 1959. Eram 450 candidatos para 45 cadeiras. Cacareco recebeu mais votos que todos os outros candidatos.

Cacareco caiu nas graças dos paulistanos e foi o grande vencedor das eleições de 1959

Os políticos conseguiram mandar Cacareco de volta para o Rio de Janeiro em 1º de outubro, dois dias antes da eleição, pensando em herdar os votos do rinoceronte. Não funcionou. O partido mais votado atingiu cerca de 95 mil votos, enquanto o rinoceronte, sozinho, obteve aproximadamente 100 mil (nunca se soube o número exato, pois os votos de Cacareco foram considerados nulos pelo Tribunal Regional Eleitoral).

Cacareco morreu Cacareco em dezembro de 1962, com apenas 8 anos de idade. Em 1984, o Museu de Anatomia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da USP  recebeu seus restos mortais. Seu esqueleto está em exposição até hoje. Sua história foi contada por Antonio F. Costella no livro “Cacareco, o Vereador”, lançado em 1996.