Antes da Era McDonald’s e Burger King, São Paulo teve outro fast-food americano que fez história – mas que deixou pouquíssimos registros. A lanchonete Jack in the Box foi fundada em San Diego, na Califórnia, Estados Unidos, em 1951, pelo empresário Robert Oscar Peterson. O nome faz uma referência ao palhacinho que sai de surpresa de uma caixa de brinquedo. A primeira loja paulistana é do início da década de 70 (não há informações sobre o ano exato). “Sei que já frequentava a loja da Brigadeiro Luís Antônio em 1973”, recorda-se Bernardo Wu, hoje com 61 anos. Além do endereço da Brigadeiro, existiam outras seis unidades espalhadas pela capital: Augusta, Sete de Abril, Dr. Vila Nova, Washington Luiz, Alagoas, Joaquim Floriano e Praça Panamericana. Frequentei muito a loja da Brigadeiro também. Meu lanche preferido era o “Califórnia” – presunto, queijo e ovo frito, num pão de hambúrguer, que vinha embrulhado num papel alumínio.
“Trabalhava seis horas por dia na lanchonete da Augusta”, conta Nelson Borges Machado, que ocupou a função de chapeiro do Jack in the Box em 1979. Hoje, aos 53 anos, lembra com detalhes do emprego: “Fazia 90 hambúrgueres ao mesmo tempo. Os produtos mais vendidos eram os tacos mexicanos e as bombas de chocolate. A loja da Brigadeiro era maior. Tinha cerca de 50 mesas, o dobro da nossa”. O único detalhe que o incomodava era o uniforme: calça azul, camisa vermelha xadrez, quepe azul com detalhes em vermelho. “Era terrível ter que vestir aquilo”, resmunga Nelson. Ele fala ainda de um manual de comportamento que recebeu assim que começou a trabalhar na lanchonete: “Instruía as meninas a usarem pouca maquiagem e os rapazes precisavam estar sempre com a barba feita”, conta.
A fabricante de ração Purina, que chegou ao Brasil em 1967, foi a primeira detentora da marca Jack in The Box no país. Depois, a franquia passou a ser comandada pelos sócios da Drogaria São Paulo. A reportagem do Blog São Paulo para Curiosos fez contato com responsáveis pelas empresas. “O fato de a empresa não ser da Nestlé nessa época me impossibilita de ajudá-lo”, respondeu Daniel Brasil, assessor da empresa do ramo alimentício, que comprou a Purina em 2001. A Drogaria São Paulo informou, via assessoria de imprensa, que não gostaria de participar da reportagem. Ou seja: mais percalços para conseguir informações.
“Hoje as pessoas saem e vão a vários lugares”, diz o representante comercial Paulo Aoki, 50 anos, que frequentava as unidades da Praça Panamericana e da Brigadeiro. “Naquela época, não. A gente se reunia só para ir ao Jack. Estávamos no colegial, todos eram menores de idade, íamos de ônibus”. A orientadora pedagógica da Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo (USP), Marlene Isepe, 47 anos, ainda sabe cantarolar o slogan: “Ainda bem que tem o Jack… Jack in the Box”.
Os irmãos Cleber e Wellington Romano ajudavam os pais a cuidar da floricultura da Praça Panamericana, que pertence à família até hoje. “Abrimos no comecinho da década de 80, junto com aquela unidade do Jack”, narra o caçula Cleber, explicando que já existia na praça o restaurante Well’s, que pertencia ao grupo Pão de Açúcar. Para fazer frente ao Jack, o Well’s inaugurou o Well’s Burger. “Para chamar a atenção dos fregueses, o Jack colocou um hambúrguer inflável gigante na porta”, conta. “Ficou exposto durante uns 20 dias. Até que choveu e o artifício de 4 metros de altura por uns 6 de largura saiu voando e acabou caindo no telhado do restaurante Senzala, que era vizinho”.
Wellington perdeu as contas de quantas vezes comeu na lanchonete. “As cores amarela e laranja nas paredes e as cadeiras acolchoadas me chamavam atenção”, descreve. “Quando fui lá pela primeira vez, imaginei que fosse uma lanchonete de luxo, mas depois percebi que era apenas o padrão da loja”. A unidade da Panamericana ficou conhecida como ponto de encontro de corredores. Em 1984, o Jack patrocinou um evento de rali, que teve sua largada em frente à loja. “Correram Monzas, Brasílias, Chevettes e até alguns Fuscas”, conta Wellington. “Um cara perdeu o controle de um Monza Hatch e atropelou uma menina de 6 anos. Levantamos o carro com as mãos. Por sorte, não aconteceu nada de mais grave”.
O acidente também começou a marcar o fim da franquia em São Paulo. Em 1988, o Jack in the Box vendeu todos os seus restaurantes à rede carioca Bob’s. O principal fator apontado para a saída do mercado foi o aumento da concorrência no segmento de fast-food. O McDonald’s havia desembarcado no país com um plano de expansão bastante agressivo. Em 1981, já tinha sua primeira loja aberta em São Paulo, na Avenida Paulista. A Bob’s, fundada em 1952, viu a compra como uma grande chance de entrar no mercado de São Paulo – em 1972, a franquia passou para as mãos de empresários do Guarujá, no litoral paulista.
Hoje, a Jack in The Box possuiu 2.100 lojas espalhadas pelos Estados Unidos, emprega quase 30 mil funcionários e atende cerca de 500 milhões de clientes por ano. No entanto, a rede preferiu não abrir franquias em nenhum outro país. “Até hoje, o Jack é importante para mim”, confessa o ex-chapeiro Nelson. “A metodologia de trabalho padronizado era novidade na época”, completa ele, garantindo usar os aprendizados em sua empresa de tecnologia, em Belo Horizonte, onde reside atualmente.
Vamos fazer um texto colaborativo: você trabalhou ou lembra de histórias do Jack in The Box? Tem fotos? Deixe uma mensagem nos comentários e entraremos em contato com você.
Olá! Eu me lembro quando criança (uns 5 anos, acho) fui uma ou duas vezes ao Jack in the Box que ficava no pátio do Jumbo Eletro (atual Extra) próximo ao Aeroporto de Congonhas.
Conheci hambúrguer e batatas fritas lá! 🙂
Cláudia,
Lamento=, mas no pátio do Jumbo-Eletro do Aeroporto ficava o Well’s, restaurante que pertencia do grupo
Pão de Açúcar. Havia um segundo Well’s na Brigadeiro, também na frente do Jumbo-Eletro.
Lamento Bernardo mas a Claudia está correta.no pátio do Jumbo Aeroporto ficava o Jack in the box. O Well’s ficava na quadra ao lado do Jumbo,
Cláudia está corretíssima! Eu morava na Rua Braz Arzão na esquina do Jumbo!
E era a Jack in The Box sim!
TEVE JACK IN THE BOX SIM NO JUMBO DO AEROPORTO, EU FUI FUNCIONÁRIO TRABALHEI LÁ MUITAS VEZES COBRINDO FOLGA, NÃO FALE BESTEIRA, TENHO COMO COMPROVAR MEU REGISTRO DE FUNCIONÁRIO, HOJE MORO EM FORTALEZA 66 ANOS. AINDA TENHO LEMBRANÇAD DOS DIRETORES E AMIGOS.
O JACK FICAVA NA PARTE DE BAIXO DO SUPERMERCADO,DO LADO DA RUA ,O WELL´S FICAVA NA OUTRA QUADRA NA FRENTE DA CLOVIS CALÇADOS.
Conheci a rede na Califórnia em 1995, mas não sabia que tinham restaurantes aqui no Brasil!
Eu adorava ir ao Jack in The Box nos anos 80, na esquina da Av. Bandeirantes x Av. Maracatins.
Me lembro do cheiro e do gosto do Jumbo Jack que eu adorava comer, do cheiro da linda lanchonete e dos deliciosos milk shakes.
Tive uma irmã que trabalhou lá, temporariamente, tirando pedidos dos clientes para diminuir as filas.
Saudade do Jack in The Box…
Lembro bem do Jack da Panamericana. Com minha turma da Vila Madalena passávamos lá na noite de sexta ou sábado para comer o Junior Jack (esse vinha com um bacon de respeito !!), antes de ir para a USP assistir e/ou participar dos rachas com Opalas, Dodges e Mavericks.
Lembro também que demoliram até o último tijolo do Wells Burger para construir do zero o McDonalds.
Tempo bom… Valeu a lembrança Marcelo Duarte…
Não tinha uma loja do Jack in The Box na Avenida Sumaré, que tinha,m alguns eventos no estacionamento inclusive … lembro de ter ido num show dos trapalhões neste estacionamento, que o Didi não foi inclusive …
Allguem consegue confirmar essas informações pra mim?
Saudade dos tempos em que trabalhei na loja Joaquim Floriano. Apenas 4 meses, mas de um aprendizado para a vida toda!
(E que Bombas de Chocolate eram aquelas!!)
Boa recordação, meu nome é Valderi, moro em Fortaleza 66 anos, fui funcionario do Jack in the Box, cheguei a encarregado de lojas, trabalhei na Rua Augusta, Rua 7 de abril, fundação Armando Alvares Penteado FAAP,meu diretor era David americano, e Ramon Mexicano, e Grégore Ray americano da California, tive como gerentes Marcia Santos, Balbina, Décio e Fernando, me parece que Mack Donald intimidou-os fecharam as portas e foram embora, não lembro datas, mas era bem começo dos anos 70. abraço.
Oi tudo bem? Eu e meu marido Tony frequentamos o Jack e o Well’s quando adolescentes e ele tem até hoje um frisbee que ganhou de brinde na loja da Augusta com o logo e os endereços das lojas! Fale com ele DJ Rato (te passo o cel por e-mail) ele vai adorar contar sobre o que lembra!!
..seguindo a curiosidade sobre o Jack in the Box, após o fechamento, sobraram equipamentos de uma das lanchonetes, a pessoa que comprou, abriu na cidade de Peruibe uma lanchonete com o nome de Mc en Jack.
Não cheguei a ir ao Jack, mas sempre via quando ia ao Well´s Burger da Praça Panamericana na metade dos anos 80.
Até aniversário comemorei lá.
E na saída, bomba de chocolate na Brunella.
Trabalhei no jak de segurança sou aposentado da PM. A loja era na bandeirantes com alameda dos maracatins tenho até um registro na carteira pela purina alimentos.
Não tenho certeza, mas acho que tinha na década de 70 , tinha dentro do campus da FAAP um Jack In The Box.
Será que estou enganado?
Infelizmente não tenho fotos mas me lembro como se fosse ontem da inauguração da loja na Avenida Sumaré em São Paulo. Tempos antes, a televisão anunciou que o evento contaria com a presença dos Trapalhões. No dia, quase não dava pra chegar perto da loja e a inauguração não contou com a presença de Renato Aragão, mas os outros Trapalhões estiveram presentes e o público chiou um bocado. Eu morava bem perto do local na época, e se não me engano isso ocorreu em 1986. Foi uma loucura esse dia!
Frequentei muito o Jack da rua Augusta, pois aos domingos havia um link da rádio antena um, apresentado por Arnaldo Sacomani, tenho até hoje a placa que indentificava a função do funcionário, é de metal com o logotipo amarelo e escrito em vermelho, bons tempos, só quem viveu, abraço.
Frequentei muito o Jack da rua Augusta, pois aos domingos havia um link da rádio antena um, apresentado por Arnaldo Sacomani, tenho até hoje a placa que indentificava a função do funcionário, é de metal com o logotipo amarelo e escrito em vermelho, bons tempos, só quem viveu, abraço. Ahh o programa apresentado era era contatos imediatos da antena um.
Frequentei muito o Jack da rua Augusta pois aos domingos havia um programa apresentado por Arnaldo Sacomani, chama-se, contatos imediatos da antena um, o link da rádio ficava em frente ao Jack da rua Augusta, tenho até hoje um indentificador de funcionários em metal, com o logotipo em vermelho e as bordas em amarelo, bons tempos.
Curioso é que ningém falou do Jack in the Box na rua Augusta, quase esquina da Alameda Santos. Como eu tinha uma turma de moto que se reunia em frente da galeria Ouro Fino, ia bastante no inicio dos anos 70 no Jack in the Box de lá. Dai peguei o gosto por hamburger e batata frita!
Como era bom, reunir a galera e ir no início da noite do sabado, ao Jack da Praça Panamericana, hoje, já com 64 anos ainda recordo e tento copiar o Sirius Jack, uma delícia, e para complementar o taco e milk shake.
O Frango Jack era suculento, temperado no ponto. Um bom filé de frango. Difícil de igualar.
Mas business é business, e infelizmente os planos nos deixaram órfãos.
A grande dúvida é: os lanches e frequentadores de hoje ainda seriam os mesmos, pelo menos parecidos?
Recordar é viver.
“Insisti para os pais me levarem à inauguração de uma das lojas da lanchonete Jack in the Box em São Paulo. Era atraído pelo show dos Trapalhões no evento. Queria muito ver o quarteto, ou melhor, a figura mais divertida: Didi. Para a minha e a decepção de todos ali, ele não apareceu. Eu era um dos que gritavam pelo líder dos Trapalhões: “Didi, Didi…”
Não havia informação sobre a ausência, então, achávamos que a demora fazia parte da apresentação.
Só nos demos conta do ocorrido quando os outros três artistas, irritados com a platéia, informaram que Renato Aragão, o intérprete do Didi, não apareceria.
Quem verbalizou foi Mussum. Mas Dedé e Zacarias também mostravam-se bem desconfortáveis com a situação.
Depois daquela bronca, nenhuma piada teve graça. Sem clima nenhum para brincadeiras, a trapalhada passou a ser coletiva, ninguém mais queria ficar ali.”
José Aurélio Chiaradia Pereira, jornalista e empresário, sobre a inauguração de uma das lojas do Jack in the Box no final da década de 80