A atriz Alexandra Golik, da companhia Le Plat Du Jour, está inaugurando um novo teatro em Perdizes: o Viradalata. Depois de muito mistério, finalmente ela anunciou a data de inauguração: próxima sexta-feira, dia 1º de julho. A primeira peça será Mamy, escrita e dirigida por Alexandra, que também cuidou da cenografia e faz parte do elenco. Ao contrário dos espetáculos do Le Plat, que são infantis, Mamy foi escrita para adultos. Fala sobre relações familiares, e tem censura de 16 anos. No dia seguinte, acontecerá a reestreia do espetáculo infantil Medinho Medão, com texto, direção e cenário de Alexandra. No dia 6, outra reestreia: Sequestro, uma peça para adultos também escrita por Alexandra em 2003. No entanto, ainda há o risco de atraso na inauguração. Alexandra conta que descobriu na segunda um pequeno problema com a obra. “Estamos trabalhando para manter a data”, afirma. “Estou achando que vai dar”. A atriz conversou com o Blog do Curiocidade sobre essa nova fase de sua carreira:
Você vai cuidar da administração do teatro, da coordenação artística, da direção e da cenografia de espetáculos. Ah… e ainda vai continuar atuando. Qual é o truque?
Olha, eu estou ficando bem louca. Esse é o truque. Trabalhar da hora em que acordo até a hora que vou dormir. Tomara que dê certo, tem que dar. Estou muito nervosa, uma pilha, porque achei que estava tudo nos conformes. Mas eu estou achando que vai dar para inaugurar na sexta.
Você vai continuar atuando no Le Plat de Jour? Não existe risco de os horários e as datas das peças coincidirem?
O Le Plat de Jour está a mil, direto em cartaz. Estamos com uma temporada no Teatro Folha, e a peça termina às 17h40. E o Medinho Medão começa às 16h no Viradalata, mas eu não atuo. Sempre dá para dar um jeito, dificilmente vai coincidir. Se acontecer, temos atrizes de stand-in. O que importa é manter a qualidade artística dos espetáculos.
A Carla Candiotto, sua parceira no Le Plat, terá uma cadeira especial no Viradalata?
Com certeza! Ela achou legal a minha ideia, mas disse que eu sou louca. Todo mundo diz que eu sou louca, aliás. E sou mesmo. Foi muito dinheiro investido. Tive que me desfazer de alguns bens, vender uma casa. Ainda bem que tive a ajuda da Vanda Varella. Ela é minha dentista, e agora é também minha sócia no Viradalata. Fora os gastos, também tem o empenho, o trabalho. Se um banheiro em reforma dentro de casa já é um inferno, imagine o que é construir um teatro…
Mas essa etapa de obras vai continuar, pois o teatro não está pronto ainda. Como será o andamento das obras com o teatro funcionando?
A área que ficou pronta tem 100 lugares. Em novembro, vamos concluir a outra parte e a capacidade será de 350 pessoas. Até lá, vamos contar com um acesso provisório. As pessoas vão ver uns tapumes até chegarem ao teatro. Enquanto isso, a obra vai seguindo. Nunca nos horários dos espetáculos, obviamente.
Qual é a razão do nome “Viradalata”?
Eu tenho 28 cachorros, todos vira-latas. Três ficam na minha casa. Os outros ficam em um sítio só para eles, com canil e caseiro, em Itapecerica da Serra. É uma homenagem para eles, mas o nome do teatro também tem “virada”, uma coisa muito importante para o artista.
Viradalata; Rua Apinajés, 1387, Perdizes; 3868-2535
(Com colaboração de Karina Trevizan)
Alexandra:
Eu e minha querida e amada companheira, Karin, tivemos o grande prazer e o privilégio de assistir ao espetáculo na última sexta-feira, 26/08/2011. (estávamos os dois na primeira fila, bem no meio), então, pudemos apreciar “milimetricamente” a magnífica atuação de vocês!
O que tenho a te dizer é muito simples: Mexeu muito com nossos sentimentos, ansiedades! Trouxe-nos muitas lembranças, complexos de culpa, visão do presente por um lado e por outro, uma grande preocupação com um horizonte já visível, no nosso caso pessoal.
Não sei se teu texto é fruto de tuas experiências pessoais, de pessoas de tua relação,ou se simplesmente é fruto da tua super-fértil imaginação, porém, é de uma riqueza e de um grau de visão com a realidade do nosso país, de forma muito impressionante.
Nem eu, nem a Karin, somos profissionais da arte dramática. Ela, educadora, eu, da área de tecnologia da informação (a popular “informática”).
Teatro, para nós é laser, é cultura, é diversão, é pôr nossos sentimentos à prova. E você coloca esses ingredientes, mesclando drama com comédia, de forma equilibrada.
Temos o “péssimo” costume de assistir a um espetáculo diferente a cada semana, em média. E “Mamy” pra nós foi uma experiência no mínimo, positiva, despojada de preconceitos “x_fóbicos”. Espero, sinceramente que muitas pessoas com as quais convivemos, possam ter o mesmo privilégio ao qual tivemos essa honra!
E além de te agradecer por nos oferecer essa oportunidade, dizer que as instalações do teatro estão ficando magníficas e de muito bom gosto! O bar é muito agradável, as pessoas (da portaria, da bilheteria, do bar, são todos atenciosos e educados.
Imaginamos as dificuldades as quais você tem passado para “parir” esse filho “Viradalata” (de sangue azul). Queremos te dizer, que já é um sucesso, não de bilheteria (ainda), mas encontrará equilíbrio, temos toda a certeza!. Acredite na lei do retorno!
Agradecemos a todos os que participam direta ou indiretamente: A você primeiro; depois à tua amiga e dentista Vanda Varella, que além dos cuidados orais contigo, passa a dar assistência também a nossos corações e mentes! A todo o elenco: Alexandra Golik, Fabiano Geuli e Luciana Ramanzini; aos cenógrafos: Alexandra Golik e Moshe Motta; aos figurinistas: Diego Endo e Gabriela Pinesso; ao projeto de iluminação de luz do Miló Martins, ao músico Marcelo Pellegrini e a todo o pessoal que fica atrás da coxia!
Ah, faltou dizer: quem ama os cães, sabe bem o significado de amor incondicional e amizade sincera!
Abraços
Renato e Karin