Flavia Liz Di Paolo monta roteiros especiais para estrangeiros em São Paulo há 20 anos. “São Paulo é a minha paixão”, diz ela. São 14  diferentes tours temáticos, que podem ser curtidos também por paulistanos.  Há roteiros como  “Cidade do Sabor”, “Shopping Day”, “Futesampa” e “Noite e Cultura”. E também temas mais  inusitados, como o roteiro “Observação de Aves”.

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Flavia Liz, que é divorciada e não tem filhos, fala seis idiomas (além de português, fala alemão, italiano, inglês, francês e espanhol) e já morou e cinco países diferentes: Finlândia, França, Estados Unidos, Alemanha e Itália. É formada em línguas pela Universidade de São Paulo, com especialização em História de São Paulo pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Atualmente, ela faz  um MBA de Hotelaria de Luxo. Flavia Liz conversou com o Blog do Curiocidade:

Como são os tours?
Na verdade, eu acabo fazendo uma apresentação do Brasil por meio de nossa cidade. Confesso  que eu sempre puxei sardinha para São Paulo, que é minha grande paixão. Há muita coisa curiosa aqui. Falo até sobre os nossos carros flex – muitos estrangeiros não sabem que também usamos álcool como combustível. Ah, falo sobre o trabalho das empregadas domésticas, que não existem mais no Hemisfério Norte.

Você sofre muito com o trânsito nesses deslocamentos pela cidade?
O problema de estacionamento é mais grave. Com o trânsito só tenho problemas quando vou buscar ou levar alguém no Morumbi. Entrar e sair daquele bairro é complicado. Mas, como a maioria dos clientes fica hospedada na região da Avenida Paulista, quase nunca pego trânsito. Começo os tours às 9h30 ou às 10h30 – nunca às 10h, que é quando termina o horário de rodízio e dá uma piorada.

Quais são as maiores dificuldades para os estrangeiros em São Paulo?
A falta de sinalização em inglês. Nos museus, por exemplo, só um ou outro tem legenda em outra língua. E também os moradores. O paulistano é extremamente acolhedor e gentil, mas quase ninguém fala outra língua. Para mim é ótimo, porque eles precisam de mim como intérprete. Mas eu, que sou tão orgulhosa de ser paulistana e brasileira, fico sem graça em restaurantes de alto nível  que não têm um santo funcionário que fale inglês. O meu desejo maior sempre foi o de ver a cidade valorizada pelos próprios moradores. Os cariocas, por exemplo, sabem dar dicas básicas para um turista. O paulistano, não. É uma vergonha.

Qual é o roteiro mais pedido pelos clientes?
O “Zapping SP”, que é mais rápido. Também as visitas a favelas e o tour sobre grafite.

E o menos requisitado?
É o roteiro de sincretismo religioso (visitas a templos budistas, mesquitas, sinagogas, terreiros de umbanda e igrejas católicas). Acho que é por falta de tempo. Tem outros tours tão bacanas, eu mesma também deixaria o sincretismo religioso para o final.

(Com colaboração de Karina Trevizan e foto de Felipe Morozini/divulgação)