Está marcada para o mês de maio a reinauguração oficial da Praça Horácio Sabino, na Rua João Moura, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. O espaço de quase 1.500 metros quadrados está em obras desde 24 de outubro de 2016. Os sete meses de trabalho no local não são quase nada perto dos quatro anos que um grupo de moradores da região precisou para juntar toda a documentação, driblar a burocracia e iniciar o projeto. Toda a revitalização do espaço está sendo planejada, organizada e custeada pelos próprios frequentadores.
Thais Helena Minatti Hannuch, uma das sete fundadoras da Associação Praça Horácio Sabino, conta que o projeto surgiu quase por acaso. “Muitas moradoras da região, como eu, ficaram grávidas ao mesmo tempo e vínhamos passear com os bebês na praça”, diz. “Então começamos a perceber que faltava muita coisa aqui. A praça estava suja, cheia de larvas de moscas, era ruim para caminhar… Foi dessa percepção que nasceu a ideia de reformar a praça”. A primeira tentativa foi delegar o projeto à Associação dos Moradores de Jardim das Bandeiras. Apesar de alguns avanços, o grupo entendeu que seria mais fácil montar uma Associação própria. “Antes disso, já tínhamos tentado várias vezes falar com a Prefeitura, mas ninguém vinha resolver”, lamenta Thais.
Em menos de um ano, tudo foi preparado. Vários moradores contribuíram financeiramente (sob anonimato) e um deles lembrou de uma verdadeira relíquia guardada em sua casa: o projeto original da construção da praça, feito pela arquiteta e paisagista Rosa Grena Kliass, na década de 1960. Em teoria, era a partir desse projeto que o local deveria ser erguido: “Com o Golpe Militar de 1964, os generais modificaram tudo para atender ao que eles entendiam como o correto”, explica Thais. De posse do projeto, os moradores se reuniram para discutir as adaptações necessárias, sobretudo na questão da acessibilidade aos idosos e deficientes físicos (o tema não era muito debatido naquela época), e solicitaram que a própria Rosa, hoje com 84 anos, comandasse as adaptações.
Isso foi feito ainda em 2012. Foi quando começou a parte mais complicada: resolver todos os muitos entraves burocráticos exigidos pela Prefeitura. “Muita coisa foi vetada”, afirma Thais. “Pedimos para cortar algumas árvores podres, que seriam substituídas por novas, mas não permitiram. Também não deixaram colocar areia no parque das crianças no lugar dos pedriscos”. Depois de várias reuniões, a Prefeitura indicou três construtoras e a Associação optou pela Squaly que, segundo Thais, foi a que apresentou o melhor custo-benefício. Ela conta que foi estipulado um contrato rígido, que não permite que seja ultrapassado sequer um centavo do orçamento de pouco mais de R$ 1 milhão. “Fizemos pequenas adaptações. A Prefeitura nos sugeriu não colocar um piso caro no parquinho porque ele seria cobiçado por ladrões. Então, usamos o dinheiro para comprar equipamentos de ginástica para os idosos”, explica Thais.
A expectativa é que a partir de agora a praça seja mais acessível e, principalmente, mais segura. Para isso, a Associação investe em um novo sistema de iluminação: “Não temos como pagar vigilância o tempo todo”, explica Thais. “Vamos apostar na iluminação e torcer para o poder público fazer a sua parte”. O grupo se preocupa ainda com outros serviços, como o corte de grama e a limpeza no dia-a-dia: “A princípio essa é uma responsabilidade da Prefeitura, mas temos que estar preparados para um plano B”.
Um excelente exemplo de como o governo trabalha contra a sociedade. Se fosse nos EUA, Canadá, Australia ou qualquer outro país desenvolvido, tudo isso teria sido discutido em 2 ou 3 semanas e a obra teria sido feita muito rapidamente, em benefício da sociedade. Mas como este é o país do NADA PODE até haver uma autorização pública – que sempre envolve um monte de funcionários públicos fazendo um monte de exigências desnecessárias, em cima de um monte de regulamentos inúteis que só servem pra atrapalhar a vida da população – o resultado é um local abandonado por 4 anos até que finalmente a sociedade vence o governo