Para quem acredita na teoria dos maias, o mundo acaba semana que vem. Para todos os outros, a data apocalíptica (21/12/2012) é motivo de piadas, especulações e – por que não? – festas temáticas. O Blog do Curiocidade foi atrás dos eventos curiosos que celebrarão a data na cidade e encontrou uma banda paulistana que adotou o fim do mundo como tema de um CD inteirinho. Desde 2010, o grupo Meia Dúzia de 3 ou 4 vem contando a saga do fim do mundo por meio de suas canções. O resultado vai ser apresentado ao público no dia 18 de dezembro – três dias antes do apocalipse – na Festa (Oficial) do Fim do Mundo, no Centro Cultural Rio Verde, espaço localizado na Vila Madalena.

Da esquerda para a direita: Thiago Melo, Sérgio Wontroba, Mike Reuben, Melina Mulazani, Daniel Carezzato, Marcos Mesquita.
A banda começou em 2003 como um duo: Thiago Melo (violão/sax) e Marcos Mesquita (baixo). Com o tempo, novos instrumentos foram sendo adicionados ao som. Hoje, o núcleo oficial do Meia Dúzia é composto por sete pessoas, apesar de o grupo já ter subido no palco com até 11 integrantes. O nome foi escolhido por Marcos. É uma expressão que era usada por dona Itália, bedel da escola dele, quando dava bronca nas crianças. “Ela costumava dizer: ‘Tem uma meia dúzia de três ou quatro alunos fazendo baderna’…”, lembra o músico.
A ideia do tema apocalíptico surgiu em 2010. A banda se comprometeu a lançar uma música com videoclipe a cada dois meses. “O objetivo foi fazer um retrato da condição em que nosso planeta se encontrava”, conta Thiago Melo. As letras complexas e sarcásticas, que tratam de temas como política, ecologia e relações conturbadas, chamam a atenção. “Pesinho na consciência”, por exemplo, fala sobre o problema ecológico. A letra da música é cheia de provocação: “Ai meu deus eu quero ficar rico / E o capitalismo ajuda a destruir o meu planeta”. “Nós fazemos crônicas musicais, é a maneira Meia Dúzia de compor”, diz Marcos Mesquita. O trabalho diferenciado rendeu parcerias em todas as faixas: Tom Zé e André Abujamra são nomes que aparecem no projeto.
Em dezembro do ano passado, as 11 faixas de “O Fim Está Próspero” já estavam prontas e, desde então, disponíveis na internet. A última delas, “365 bons motivos para o mundo acabar”, tem mais de 65 co-autores! Quem assina a faixa são internautas que contaram para a banda suas maiores angústias pré-apocalípticas. “Nós só amarramos os assuntos em blocos e formamos as estrofes”, conta Marcos. O ano de 2012 foi reservado para a produção do disco físico. Para aquecer o público, a banda lançou, em outubro, uma música bônus, “Não vou estar podendo”.
As curiosidades não param por aí. A banda, que é totalmente independente, bancou por conta própria a gravação das músicas e videoclipes, o que totalizou um gasto de R$ 36.658,00. Para ajudar nos custos do show de lançamento, o Meia Dúzia resolveu recorrer ao crowdfunding. O projeto foi inserido na plataforma online Catarse, onde os próprios fãs financiam o artista. Para atrair a atenção do público, o Meia Dúzia gravou um vídeo simulando o sequestro de André Abujamra, parceiro da banda e diretor do show de lançamento:
Se o projeto conseguir o financiamento de 12 mil reais até o dia da festa (18), a banda promete libertar Abujamra. Para cada valor doado ao resgate, há uma recompensa. Algumas são bem criativas: quem contribuir com 200 reais leva uma consulta astral com André Abujamra, além de ingressos da festa, CD, DVD e fotos autografadas. E se o mundo não acabar depois do lançamento do CD, o Meia Dúzia já tem três ou quatro projetos em mente. “Creio que, no ano que vem, a banda se envolva com a criação de trilhas infantis”, adianta Thiago. “Sem mais trabalhos temáticos, por enquanto” – garante Marcos. “Dá muito trabalho”.
A Festa (Oficial) do Fim do Mundo
Centro Cultural Rio Verde
Rua Belmiro Braga, 119, Vila Madalena
18/12/2012 a partir das 21h
R$ 20,00
(com colaboração de Júlia Bezerra e foto de Enoá)
Nunca vi uma banda tão boa. Digo, tão ótima
Banda boa fazendo boa música no país da 49ª colocação no ranking de educação. Será que cola?
Acho que sim.
Principalmente se deixar a defensiva e partir para o ataque. É o que estão fazendo nessa Festa do Fim do Mundo. Banda ganha dinheiro fazendo shows, como ensinou o ex-pobre Chimbinha, hoje um pacato milionário colecionador de guitarras.
…e na Billboard 1/6 dz tá em dezessétimo já por 16 semanas…
…ê Laranjá, ê Tietê,
fizero cadeia nova não pudero me prendê…
som na caixa Mané Guéla!
bjs
heu
Não existe teoria maia sobre o fim do mundo! Os mais nunca trabalharam com esta possibilidade. Além de contar o tempo através de vários calendários e não somente um.
Surpreende como que um cara inteligente fazendo música inteligente como o André Abujamra consegue manter-se na ativa há mais de vinte anos. No Brasil isso é tarefa para heróis.
Para viver de música no Brasil é preciso fazer shows, muitos shows para o povão.