O Museu da Federação Paulista de Futebol, instalado no quinto andar da sede da entidade, no bairro da Barra Funda, em São Paulo, fechou no começo de fevereiro passado. Pelo menos essa foi a informação dada aos dois funcionários que tomavam conta do acervo. Em seus 16 anos de existência, o museu nunca conseguiu atrair um bom público. Chegou a ficar fechado durante os dois primeiros anos no novo prédio por falta de visitantes. O acervo, no entanto, tinha algumas preciosidades entre os 450 itens expostos na área de 260 metros quadrados.
Suas principais atrações eram as bolas utilizadas nas finais das duas primeiras Copas do Mundo vencidas pelo Brasil, em 1958 e 1962. Na Suécia, em 1958, o chefe da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho, queria guardar a bola da final. Cumprindo ordens, o massagista Mário Américo roubou a pelota do árbitro francês Maurice Guigue. Havia lá também a camisa azul usada por Didi nessa mesma decisão; uma réplica da Taça Jules Rimet; e o troféu do primeiro campeonato disputado no Brasil, o Paulista de 1901, vencido pelo SPAC. O museu exibia ainda um armário com as bolas de todas as finais do Campeonato Paulista desde 2005. Todo esse material foi encaixotado e levado para um depósito.
O que ganhou casa nova acabou sendo o acervo, que contava com 900 volumes de encadernações de jornais, revistas, catálogos e recortes de notícias. Quem cuidava disso era o jornalista Rubens Ribeiro, 86, funcionário da Federação há 24 anos. Esse material foi acondicionado em 111 caixas e doado para o Centro de Referência do Futebol Brasileiro, uma biblioteca que funciona dentro do Museu do Futebol, no Pacaembu. Todo esse material precisa passar por uma grande indexação antes de ser disponibilizado para o público. As principais joias são a coleção completa dos jornais A Gazeta Esportiva e Lance! e também a revista Placar. Rubens recebeu a promessa que continuará empregado e que poderá terminar nas dependências do Museu do Futebol a pesquisa do segundo volume de seu livro com a história do Campeonato Paulista.
Além de Rubens, o professor de Educação Física César Augusto Moura Leite também dava expediente ali. Ele veio da Federação Paulista de Voleibol em 2003. “Fui contratado para fazer as tabelas dos jogos e conferir as súmulas de cada partida”, lembra. No segundo semestre de 2006, ele mudou de área e foi para o museu. O sonho de César era desalojar os departamentos de imprensa e de marketing para ocupar o quinto andar inteiro com o museu. No final das contas quem saiu foi o museu. “A desativação foi feita de surpresa e durou apenas dez dias”, lamenta. “Este fato demonstra como a atual administração da Federação não se importa com a memória presente naquele lugar”. O novo presidente da entidade é Reinaldo Carneiro de Bastos.
Ninguém informa qual será o destino do material. Enquanto o prédio da Federação passará por uma reforma, as raridades ficarão guardadas no depósito. “O museu não foi fechado, apenas teve seu acervo encaminhado para o Museu do Futebol, porque lá o espaço é maior”, desconversa Felipe Espindola, assessor de imprensa da Federação Paulista de Futebol.