O Museu do Futebol está completando hoje nove anos. Tenho um motivo muito especial para comemorar essa data: sou um dos curadores do museu. Criei a “Sala dos Números e das Curiosidades” junto com o amigo Celso Unzelte. Também demos pitacos em muitos outros espaços (eu publiquei as primeiras fotos do final da obra em 6 de junho de 2008.) O Museu do Futebol foi inaugurado no dia 29 de setembro de 2008 no Estádio do Pacaembu. De lá até o dia 22 de agosto deste ano, recebeu 3.022.668 visitantes – número próximo ao público total da Copa do Mundo de 2014, que foi de 3.429.875 torcedores. Aliás, dentre todas as salas que contam a história de uma das maiores paixões nacionais, a que mais faz sucesso é justamente a Sala das Copas do Mundo, que também é mais fotogênica de todas.

A Sala dos Números e das Curiosidades: o meu “cantinho” preferido

Até o mês de junho, o local já havia realizado 286.162 visitas educativas agendadas, sendo 58% delas para escolas. A direção aposta também em ações culturais e eventos que reúnem apaixonados pelo futebol, em debates, lançamentos de livros, festivais de cinemas e exposições temporárias. Neste final de semana, por exemplo, o Museu do Futebol irá comemorar o aniversário com uma programação especial para as crianças no sábado (30) e no domingo (1º). Além das visitas educativas, uma caça ao tesouro instigará os visitantes a completarem missões a partir de dicas que envolvem o número 9.

Por falar em 9, o número do artilheiro, selecionei nove curiosidades em homenagem ao aniversariante:

1 – O Museu do Futebol ocupa uma área de 6.900 metros quadrados. Em um espaço como esse é possível colocar 13.800 pessoas uma ao lado da outra, sem prejuízos à mobilidade, ou 48.300 pessoas apertadas como em um estádio de futebol lotado.

Sala das Copas do Mundo é a mais popular e fotogênica

2 – Atualmente, 72 funcionários trabalham no local. Para a construção, no entanto, foram necessárias 680 pessoas entre consultores, especialistas, técnicos, eletricistas, arquitetos, pedreiros, engenheiros, produtores. Seria possível formar 37 times de 11 jogadores e mais sete reservas com toda essa gente.

3 – São 400 jogadores de futebol mencionados nas salas expositivas. Como já era de se imaginar, o mais lembrado deles é Pelé: são 51 referências. Garrincha é o segundo colocado: o nome do Mané aparece 41 vezes no acervo do museu.

São 400 jogadores mencionados pelo Museu do Futebol

4 – O Museu do Futebol possui 6.491 itens digitalizados e que, armazenados em nuvem, ocupam 5TB. Seriam necessários 39 iPhones de 128GB (o maior em capacidade) para armazenar tudo isso. Quem quiser assistir a todas as entrevistas em vídeo que fazem parte dos projetos de história oral precisará reservar 217 horas. Nesse tempo seria possível assistir a mais de 140 jogos de futebol completos – ou a todos os jogos de duas Copas do Mundo e mais uma rodada completa do Campeonato Brasileiro.

5 – Curiosamente, apenas uma camisa de futebol faz parte da exposição permanente do museu. É uma camisa 10 da Seleção Brasileira usada pelo Rei Pelé na final da Copa do Mundo de 1970, no México. Ela pertence a Joaquim Pedro Moreira Salles. De vez em quando, a camisa sai da vitrine em que está para ser tratada e cuidada. Ela precisa ficar um mês na posição horizontal e a única pessoa que toca nela é Teresa Cristina de Paula, curadora de têxteis do Museu Paulista da USP. Nesse período, o museu expõe outras peças, como a usada pelo goleiro Weverton na final do torneio masculino dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro ou a do Politheama, time de futebol montado por Chico Buarque. Regularmente o Museu realiza encontros de colecionadores de uniformes de futebol.

Camisa usada por Pelé na Copa do Mundo de 1970 é a única em exposição permanente

6 – Nunca o Museu do Futebol recebeu tantos visitantes quanto no mês de junho de 2009: foram 62.835. O maior público num único dia foi registrado em 21 de junho de 2014, com a Copa do Mundo rolando na cidade: 6.491 pessoas passaram por ali. É um número superior ao da média de público de 18 dos 20 times da Série B do Campeonato Brasileiro (e da própria média geral do torneio) e de dois dos 20 times da elite do futebol brasileiro.

7 – A variedade de itens é tão grande que a direção do museu não sabe precisar quanto tempo levaria para que alguém conhecesse absolutamente tudo o que faz parte do acervo. As visitas cronometradas mais longas duraram cerca de quatro horas e, mesmo assim, não foram capazes de levar o visitante ao encontro de todas as peças. Só entre os itens permanentes são cinco horas de vídeos e 1.600 fotografias.

Museu conta com 1.600 fotos e cinco horas de vídeos

8 – A estrutura interna do Museu do Futebol conta com 110 quilômetros de cabos de força, 15 quilômetros de eletrodutos, 6 quilômetros de cabos coaxiais, 10 quilômetros de cabos de áudio e vídeo, 3 quilômetros de eletrocalhas e 1 quilômetro de fibra ótica. Se tudo isso fosse disposto em uma linha reta, partindo da Praça Charles Miller, percorreria um trajeto de 139 quilômetros. É o suficiente para chegar ao Estádio Major Levy Sobrinho, em Limeira-SP.

9 – Para garantir o funcionamento de todas as instalações elétricas, o local tem o reforço de 1.100 disjuntores. Ainda que todos fossem dos mais simples, de 10 amperes, eles seriam capazes de sustentar, somados, 2.420 kWh de energia. Com essa capacidade é possível suplantar 1.210 refletores – três vezes o total de 396 que ilumina o Estádio do Maracanã.

(Fotos: Divulgação)