“Cuidado, senhores da camelote, a verdadeira cultura e a verdadeira arte vencem sempre. Um pugilo pequeno, mas forte, prepara-se para valer o nosso centenário”. Foi assim que, em 1920, os paulistanos tomaram conhecimento da Semana de Arte Moderna, que aconteceria no Theatro Municipal de São Paulo dois anos mais tarde, em 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.
O evento, que provocou uma verdadeira reviravolta no cenário cultural do país, contou com as participações de artistas, músicos e intelectuais como Graça Aranha, Mário e Oswald de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda, Tarsila do Amaral, o palhaço Piolin e Heitor Villa-Lobos. Reuniu várias atividades artísticas como concertos, conferências, declamação de poesias e exposição de arte. Para alugar o espaço no Theatro Municipal, o advogado e escritor René Thiollier desembolsou 847 mil-réis. Os ingressos para as frisas e camarotes, válidos para os três dias, foram vendidos a 186 mil-réis; as cadeiras e balcões, a 20 mil-réis. A confecção da arte do cartaz e do catálogo ficou a cargo de Di Cavalcanti.
O que hoje é considerado o marco do movimento modernista no Brasil causou estranhamento na época. Oswald de Andrade, que se apresentou no segundo dia do evento, foi vaiado assim que entrou no palco, antes de começar a declamar trechos de seu então inédito romance Os Condenados. O músico Heitor Villa-Lobos, que estreava como modernista, apresentou “Sonata nº 2”, “Danças Características Africanas”, “Quarteto Simbólico” e “Impressões da Vida Mundana” em meio a vaias e urros da plateia.
(com informações do livro O Theatro Municipal de São Paulo, de Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise)
poderia conter mais informações sobre Heitor Villa-Lobos.