Corinthians e Palmeiras disputaram na noite de ontem uma partida histórica. O clássico de maior rivalidade do Estado estava comemorando seus 100 anos – a primeira partida foi disputada em 6 de maio de 1917 e o Palestra Itália venceu por 3 x 0, com três gols do atacante Caetano. O time alvinegro já era bicampeão da Liga Paulista e perdeu uma invencibilidade de 25 jogos em três anos. Na partida que celebrou o centenário do Dérbi, o Corinthians fez 1 x 0, gol de Jô, que havia entrado em campo apenas 38 segundos antes.

Com essa vitória, os corintianos aproveitaram para lembrar da fama que o time carrega de “Campeão dos Centenários”. O epíteto nasceu no Campeonato Paulista de 1922, ano do centenário da Independência do Brasil. O Corinthians conquistou o título – o terceiro de sua história – e deixou o Palestra Itália em segundo lugar. A competição foi disputada entre 23 de abril de 1922 e 4 de abril de 1923. Vale lembrar que, nas duas partidas que disputaram naquele campeonato, houve empate de 2 x 2 no primeiro turno e uma vitória palmeirense por 3 x 2 no segundo.  “Nessa partida, o goleiro corintiano Xororó foi acusado de ter facilitado o jogo  em troca de um violão”, conta o jornalista Celso Unzelte, autor do Almanaque do Timão. “Ele foi afastado e Mário entrou no gol do Corinthians. Com essa vitória, o Palestra colocou a mão na taça. Mas, logo depois, o Palestra perdeu por 5 x 1 para o Paulistano e o Corinthians voltou para o páreo. Venceu o Paulistano por 2 x 0 e sagrou-se campeão”.

Campeão paulista de 1922, ano do centenário da Independência do Brasil

O “Campeão do Centenário” passou a ser chamado de “Campeão dos Centenários” depois do Campeonato Paulista de 1954, quando também deixou o Palmeiras como vice. A partida decisiva foi disputada em 6 de fevereiro de 1955.  O Corinthians precisava de um empate para fechar a conquista na penúltima rodada. O Palmeiras chegou a jogar de azul, por sugestão de um pai-de-santo. O empate em 1 x 1 garantiu a taça, que fazia parte das comemorações do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo. O título rendeu duas músicas que exaltavam o centenário. Billy Blanco compôs “Campeão do Centenário”, interpretada pelo cantor Jamelão. A letra fazia referência a 1922 e 1954: “Soltei o Mosqueteiro no gramado/Para ser chamado/Corinthians do Centenário/Bicampeão”. Alfredo Borba lançou a marcha-hino “Campeão do IV Centenário”, que foi cantada por Orlando Ribeiro: “Corinthians, Corinthians/Falou bem alto a tradição/Por 100 anos/Serás o campeão”

O time que conquistou o Paulista no IV Centenário de São Paulo

“Embora menos lembrado, o título paulista conquistado pelo Corinthians em 1988 também pode ser citado como o ano do centenário da abolição da escravatura”, lembra Celso Unzelte.  A fama falhou mesmo em 2010. No ano de seu próprio centenário, o Corinthians passou em branco.