O bairro inteiro do Tatuapé está ali na maquete. Dá para contar três shoppings, dois grandes hospitais, três estações de metrô, três parques e muitos prédios. São 10 mil automóveis e 20 mil árvores em miniatura. O trabalho demorou três meses para ficar pronto e foi desenvolvido pela BR Maquetes, do arquiteto Márcio Levy Bentubo, que trabalha no ramo há 21 anos. A supermaquete mede 5 por 5 metros, pesa 500 quilos e custou 100 mil reais. Ela está num showroom da construtora Porte, no número 141 da Rua Itapeti, e já foi visitada por 8 mil pessoas. “A construtora deseja formar um pólo corporativo e comercial chamado ‘Eixo Platina’, que vai do metrô Belém até o Carrão, na Radial Leste”, explica Márcio. “Será a Berrini da Zona Leste”. A maquete tem uma corrente de luz laranja que ilumina a ligação entre os empreendimentos da construtora.
Márcio consultou fotos aéreas pesquisadas no Google Maps para fazer o trabalho. Usou madeira, grama, camurça, acrílico, pregos e muita cola branca. A supermaquete teve que ser dividida em três partes para ser transportada. Uma equipe de seis profissionais foi destacada para fazer a montagem e o acabamento.

A supermaquete pesa 500 quilos e custou 100 mil reais
Nos finais de semana, a construtora promove eventos para atrair público. Já aconteceram ali batalha de arqueiros e noite gastronômica com o chef Henrique Fogaça. Há também uma exposição permanente com fotos históricas do Tatuapé, que nasceu como bairro operário em 1919 e cujo nome significa “caminho dos tatus”.
A empresa acredita que o projeto irá mudar a paisagem da região e deve gerar um grande impacto econômico, permitindo que cada vez mais pessoas morem e trabalhem no bairro. “Até meus 20 anos, o Tatuapé tinha apenas casas e comércios básicos, como farmácia e supermercados”, relata o engenheiro Ronald Gozzo, 60 anos, morador do bairro. “Para comer, comprar ou me divertir em lugares mais sofisticados, precisava me deslocar até o centro ou a zona Sul”.
Ronald morou por 18 anos em Cidade Monções, próximo à avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, e sabe bem o que significa uma obra desse tamanho. “O número de prédios comerciais aumentou de forma exorbitante por lá”, diz. “Como não tem metrô próximo, o trânsito se tornou caótico. Um amigo demora às vezes 40 minutos para sair da garagem do prédio de tão parada que a Berrini fica em horários de pico”.
Ao voltar a morar no Tatuapé, Ronald conta que a sensação foi de estranhamento. “A quantidade de pessoas e de shoppings me surpreenderam. Não preciso mais sair do bairro, consigo fazer tudo aqui”. Sobre a ideia de “Berrini da Zona Leste”, ele aposta num incômodo para os moradores. “Ainda que existam estações de metrô e corredores de ônibus, o trânsito vai piorar consideravelmente”.