Há duas semanas, o desenvolvedor de software Luís Fernando Tremonti, 26 anos, me enviou uma mensagem pelo twitter. Ele contou que havia criado o “Leitura no Vagão”, projeto que pretende incentivar os usuários do Metrô a deixar o celular de lado para ler um livro em seus deslocamentos (isso quando a lotação do Metrô permite!). “Entro todos os dias no vagão e vejo um monte de gente no celular, enquanto apenas uma ou duas leem”, reclama Fernando, que sai da estação Barra Funda (Linha 3 – Vermelha) e vai até o Paraíso (Linha 1 – Azul), perto da empresa onde trabalha. “Tenho amigos que dizem não ter tempo para leitura, mas entram no metrô e pegam direto o celular”.
Uma das ideias é que os leitores tirem selfies com os livros e a postem no twitter e no facebook com a #leituranovagão, contando alguma curiosidade sobre a obra. Fernando também vai espalhar livros pelos assentos dos trens do Metrô, além de sortear algumas publicações para os seguidores das páginas. Ele espera que, depois da leitura, os contemplados “esqueçam” o livro dentro de um vagão para que outras pessoas tenham acesso a ele. “Eu era ignorante, lia pouco e achava que sabia sobre tudo”, afirma. “A leitura me transformou em uma pessoa mais consciente. Se de cada duzentos uma pessoa adquirir esse hábito o objetivo foi alcançado”.
Na última sexta-feira, dia 5, o São Paulo para Curiosos acompanhou a primeira experiência de deixar um livro no banco do metrô. Escolhi o primeiro volume da coleção O Guia dos Curiosos. As 18h45, Fernando saiu da estação Paraíso e entrou no último vagão do metrô da Linha 2 –Verde, sentido Vila Madalena. Na estação final, quando o trem se preparava para voltar no sentido oposto (Vila Prudente), ele deixou o livro em um banco e saiu.
Cerca de 25 pessoas entraram no vagão. Doze estavam compenetradíssimas com seus celulares – a primeira moça que se sentou ao lado do livro nem percebeu a existência dele. Apenas uma pessoa no vagão entrou com um livro. Quem ficou com o livro foi a publicitária Aline Miranda, de 24 anos. “Quando peguei achei que alguém tivesse esquecido, mas então vi o folheto dentro e percebi que fazia parte de um projeto”, descreve ela, que desceu três estações à frente, na Consolação. “Achei a ideia sensacional. Já tirei a foto com ele”.

A publicitária Aline Miranda, a primeira a encontrar um livro do projeto, publicou a foto nas redes sociais
O “Leitura no Vagão” chega no mesmo momento em que outro projeto de leitura foi desativado. Em 2004, o “Embarque na Leitura”, coordenado pelo Instituto Brasil Leitor, inaugurou uma pequena biblioteca na Estação Paraíso. Ela emprestava livros gratuitamente aos usuários do transporte público. A ideia deu certo e outras cinco unidades foram abertas (Tatuapé, Linha 12 – Safira; Luz, Linha 4 – Amarela; Largo Treze, Linha 5 – Lilás; Santa Cecília, Linha 3 – Vermelha e na estação Brás, da CPTM). O Metrô contabilizou 700 mil empréstimos para 50 mil usuários cadastrados. Mas todas as unidades foram fechadas em dezembro do ano passado. “Fechou por falta de patrocínio”, explica Gustavo Gouveia, 32 anos, gerente de bibliotecas do Instituto Brasil Leitor.
O Instituto Brasil Leitor deixou o Metrô e foi para os terminais de ônibus. A primeira unidade do projeto “Leitura no Ponto” será inaugurada em outubro no Terminal Pinheiros e outras sete estão previstas para 2015. Um deles será o Terminal Cidade Tiradentes, mas os outros ainda não foram definidos. “Desta vez, temos algumas parcerias e criamos uma equipe para conseguir novos patrocínios”, diz Gustavo Gouveia. “Fizemos um estudo e concluímos que, mais que uma biblioteca, o que cria leitores é a motivação de outros leitores. Por isso, a ideia do ‘Leitura no Vagão’ é fantástica”.
O Metrô ficou, então, sem livros? Não. Ainda existe a Biblioteca Neli Siqueira, gerenciada pelo empresa. Ela fica localizada na Rua Augusta, 1626, e funciona de segunda a sexta, das 8h30 às 17h30. O local possui um acervo de 50 mil livros e o empréstimo é gratuito. O usuário só precisa fazer um cadastro, apresentando um documento com foto. Por meio da assessoria de imprensa, a direção do Metrô informa que funcionários da companhia são os maiores clientes da biblioteca.
(Com reportagem de Vinícius Custódio)
excelente projeto ,pois e um meio de incentivar a leitura ,estou cursando licenciatura em pedagogia ,mas tenho dificuldade de nao ter o habito de ler,e fica dificil por que e fundamental aprofundar nossos conhecimentos e para iaso a leitura e fundamental .
Olá amigo leitor, fui por décadas leitora dos trens da CPTM e “como fui feliz”, duas horas por dia de boa leitura. Hoje trabalho pertinho de casa e estou utilizando carro. Confesso que meu número de leitura caiu consideravelmente. Gostaria que esta campanha estendesse CPTM. E ainda contar com a compreensão dos ouvintes de “músicas” sem fone de ouvido. Parabéns!
Eu acho excelente esta ideia. Ler é extramente importante e agradável. Quando mais desenvolvido o país, maior o hábito da leitura.
Desejo sucesso total.
Parabens pelo projeto. Quem planta cultura, educação, literatura é uma arvore frutifera que mata a fome da alma.
Amei sua iniciativa. Estamos com você. Deus te abençoe sempre. Em nome de todos os escritores deste planeta.
Muito bom! Sabe que também faço isso? Entre tantas revistas velhas nos consultórios, deixo livros. Ponho uma etiqueta: pode levar! É seu! Depois de lê-lo deixe-o em algum lugar para que outra pessoa usufrua dessa leitura.
Em alguns consultórios já existem pequeninas estantes aéreas, que cabem cerca de 10 livros e um enorme cartaz, falando sobre a experiência de ler. Avisa que a pessoa pode levar, repassar ou trazer de volta. Deixei alguns meus numa clínica de fisioterapia e pude observar que sumiram da estante.
Parabéns….
Amei a ideia. Genial.
Acho que é desta maneira mesmo que tudo começa, mas confesso que sou apaixonada pela leitura e ter de devolver os livros será uma missão de Liesel Meminger (A Menina que Roubava Livros), devolvê-los com sentimentos, mas ao mesmo feliz por saber que outros poderão compartilhar.
Muito sucesso!!!