Toda Copa é a mesma coisa. Adultos e crianças começam a colecionar figurinhas e, em pouquíssimo tempo, o hobby vira febre. Nem mesmo os no mínimo 127 reais necessários para encher o álbum – são 649 cromos, incluindo as abomináveis “figurinhas patrocinadas” – conseguem desanimar os torcedores. Os encontros para trocas de repetidas tomaram a cidade – incluindo, para desespero da escola, as salas de aula. “Os alunos trocavam figurinhas por baixo da mesa. , conta Cristiane Saes Pedro, 42 anos, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I do Colégio Madre Cabrini. “Ninguém prestava atenção na aula”.
“Passei de sala em sala propondo um acordo”, explica Cristiane, que visitou as 11 turmas de sua coordenadoria, com alunos de 6 a 11 anos. A proposta era transformar a sexta-feira no dia oficial de troca de figurinhas na escola. Os alunos não poderiam mais mexer nos álbuns durante as aulas de segunda a quinta. Em compensação, às sextas, na entrada, no intervalo e na saída, o Madre Carbini iria promover uma grande troca de figurinhas com a participação de funcionários e professores. A criançada topou.
“O problema com figurinhas durante as aulas chegou a zero”, comemora a coordenadora, que também entrou na onda dos cromos. “Tenho 80 repetidas para trocar”. Aproveitando o interesse das crianças pela Copa do Mundo, a escola irá exibir aos pais de alunos, a partir do próximo dia 12, um mural interativo. Todas as turmas que participam da troca de figurinhas estão montando cartazes com curiosidades e características dos países que virão ao Brasil disputar os jogos. “A Copa é um movimento histórico dentro do país”, explica Cristiane. “É importante para o aluno entendê-lo além da recreação”.
Projeto semelhante acontece no Colégio Visconde de Porto Seguro. Lá, o responsável pela iniciativa é o coordenador institucional de esportes, Alexandre Hammer. “Nós aproveitamos o momento atual e trouxemos o interesse do aluno para dentro da escola”, explica o professor de 41 anos. Espalhados pelo colégio existem sete pontos de troca, que funcionam em todos os intervalos para todas as classes. Nesses locais específicos os alunos se reúnem para negociar figurinhas. “Mas existe uma troca com os alunos”, enfatiza Alexandre. “Nada de figurinhas durante as aulas”.
A direção da escola também aproveitou o envolvimento dos alunos com as figurinhas e criou o “Álbum Gigante da Copa”. O programa, que vai do 2º ano do ensino fundamental ao 3º do ensino médio, apresenta a Copa de diferentes ângulos. Os quartos e quintos anos serão responsáveis pelos aspectos geográficos e históricos do Mundial. Já os nonos anos ficaram com o tema: “Evolução do futebol ao longo dos anos até a Copa no Brasil”. “O colégio não pode tratar apenas o jogo pelo jogo”, justifica Hammer. “Precisa ter sempre um significado maior para o aluno”.