No meio de mais um bafafá sobre as sacolinhas de plástico oferecidas, ôps, vendidas pelos supermercados, eu fui me lembrar do Bazar 13 e de seus sacos de papel. O supermercado ficava bem em frente ao prédio de meus pais, na esquina da Teodoro Sampaio com a Mourato Coelho, no bairro de Pinheiros. E, no meio de todo esse saudosismo, veio a seguinte questão: e se os supermercados voltassem a fornecer sacolas de papel para seus clientes? Elas foram substituídos pelos saquinhos plásticos por iniciativa dos próprios supermercados para reduzir os custos.
“Ao contrário das sacolas de plástico, as de papel são biodegradáveis”, diz Sandro Mancini, professor de engenharia ambiental da UNESP. Mas não é esse o argumento que se deve levar em consideração. “As bactérias anaeróbicas, que ficam nos aterros sanitários, têm pouco interesse na celulose, a matéria-prima do papel”. Significa que elas irão comer de tudo, deixando o papel sempre por último. E isso pode demorar bastante tempo. “A sacola de papel leva vantagem porque vem de uma fonte renovável, com fábricas que fazem reflorestamento, enquanto o plástico é produzido do petróleo”.
Mas o professor Mancini lembra que o papel tem um valor de produção mais alto, o que pode causar também o aumento do preço de produtos para compensar o gasto. “Mas isso também está acontecendo com as sacolas verdes, que geram um custo maior para o empreendedor. O problema é que o cliente acha que as sacolas de plástico são baratas por serem distribuídas de graça, e então acabam as descartando sem consciência. A pessoa deve reciclá-la ou reutilizá-la”. Mancini é defensor do uso das sacolas de pano.
Os supermercados classe AA da cidade oferecem sacolas de papel kraft sem custo extra para o cliente. “Nossa intenção sempre foi oferecer uma opção mais resistente, bonita e que acomodasse melhor os produtos”, explica Fernanda Oruê, gerente de marketing da Casa Santa Luzia, que usa esse tipo de embalagem desde 1980. Além de reutilizar as sacolas em outras compras, os clientes também podem depositá-las em pontos de coleta espalhados pela loja. O valor da reciclagem é doado para a APAE.
Suportando até 10 quilos, norma exigida pela Prefeitura de São Paulo, o Empório Santa Maria também oferece sem custo adicional sacolas de papel aos seus clientes desde sua fundação, em 1994. “Por mais que o processo de produção seja mais caro que o da sacola plástica, é o posicionamento da nossa marca”, argumenta Geraldo Caspary, diretor comercial do Grupo St. Marche. “A sacola de papel agride menos o meio-ambiente porque o papel é fonte de matéria prima renovável e temos o selo FSC, de controle de manejamento florestal”. Só que os supermercados com a bandeira St. Marche, que pertencem ao mesmo grupo e que são tão caros quanto ao Empórito Santo Maria, estão usando as sacolinhas de plástico – e cobram por elas.
A Casa Santa Luzia e o Empório Santa Maria não quiseram divulgar o custo das sacolas de papel. Outro supermercado que oferece as sacolas de papel é o Varanda. O São Paulo para Curiosos entrou em contato com Mauricio, do departamento de marketing. Ele disse que se tratava de “um assunto delicado”. Ficou de consultar os seus chefes e não respondeu mais aos telefonemas do blog.
Serviço:
Casa Santa Luzia
Alameda Lorena, 1471 – Jardim Paulista
Tel. 3897-5000
Empório Santa Maria
Avenida Cidade Jardim, 790 – Jardim Paulistano
Tel. 3706-5211
Deveríamos criar uma lei obrigando a curto prazo a substituição das sacolas plásticas por sacolas de papel.