Cruzei com essa ambulância ali pelos lados do Parque Ibirapuera e ela me chamou a atenção de cara. A Sprint branca da empresa Intensiva Remoções tem os símbolos que indicam a presença de wi-fi por todos os lados. Quem providenciou a internet a bordo foi Milton Ferreira Sobrinho, motorista de ambulância há 36 anos. “Sabe… Não vim ao mundo para passar despercebido”, brinca ele. Essa história é bem curiosa.

No banco da frente, Milton (de azul) é acompanhado pelo enfermeiro Kleber Rodrigues e pelo médico Edson Araújo
Faz 40 anos que Milton participa da diretoria do time da Ferroviária, de Araraquara, no interior de São Paulo. É para eles que vai a conta da internet 4G no final do mês. “Aos finais de semana, costumo ir para o interior porque lá levo os jogadores para as partidas de futebol”, conta ele. “Há quatro meses, sugeri colocar uma internet móvel no ônibus para que eles pudessem se divertir”. Só que, durante a semana, Milton carrega o modem da Ferroviária dentro da ambulância. “Não sabemos quantos megabytes tem o modem, mas ele funciona em todos os lugares e parece que o plano de dados não acaba nunca”, festeja o médico Edson Araújo, que adora quando seu plantão coincide com a ambulância número 39. O wi-fi já foi usado por 62 pessoas ao mesmo tempo. “Tem um xodó tão grande pelo carro que concordamos em reservar a Sprint branca sempre para ele”, admite Ygor Vacilotto Gonçalves, dono da Intensiva Remoções.

O modem 4G fica conectado na entrada USB do painel do carro
No dia da reportagem, Milton estava acompanhado no banco da frente por Edson e pelo enfermeiro Kleber Rodrigues. A equipe utiliza a internet para receber os chamados. Eles vêm por um aplicativo da empresa. Cada ambulância tem um celular com internet móvel, mas os três garantem que não é a mesma coisa. “O modem facilitou muito o nosso trabalho”, conta o médico. “Também uso para consultar sites médicos. Por vezes preciso lembrar qual a dosagem de medicamento indicada para o caso do paciente.”

A equipe também utiliza a internet no trabalho. O chamado de ocorrência chega no aplicativo da empresa pela internet
A equipe costuma transportar uma média de 6 pacientes por dia. Em média, 4 deles ou seus acompanhantes pedem a senha do wi-fi. Alguns pacientes acabam sendo proibidos pelo médico. “Para alguns, a gente fala que está desligado”, diz Edson. “Se a pessoa está com um acesso venoso não pode ficar se mexendo, muito menos para navegar no celular. Existe uma grande dependência pela rede social”. O caso mais curioso contado por eles foi de um paciente que precisou ser levado para um hospital que ficava na mesma quadra de onde morava. “Acredita que a acompanhante pediu a senha no percurso de 100 metros que fizemos?!?”, diverte-se Milton.