Pesquisar a origem do doce chamado sonho é, com o perdão do trocadilho, um verdadeiro pesadelo! Há várias versões. A história mais aceita diz que, no século 17, um jovem padeiro alemão ainda se remoía de vergonha de ter sido afastado do Exército quando resolveu fritar algumas bolotas de massa fermentada, em vez de assá-las. E assim nasceu um doce chamado em muitos países de “bola de Berlim”. A iguaria se espalhou pelo mundo inteiro com algumas variações e muitos nomes. Na versão brasileira da história, o que se conta é que o sonho veio logo depois do pão-doce, que começou a ser vendido em São Paulo na década de 1920. Para aproveitar as sobras de massa, os padeiros brasileiros faziam bolinhos, fritavam e recheavam com um creme feito de leite, gemas, açúcar, farinha de trigo, manteiga e essência de baunilha. Depois polvilhavam açúcar confeiteiro por cima.
O sonho está presente em praticamente todas as padarias de São Paulo. Muitas passarem a oferecer também pequenas variações da receita. O Blog do Curiocidade apresenta alguns desses “primos” dos famosos sonhos:
Benjamin Abrahão – o sonho propriamente dito
O padeiro Benjamin Abrahão (1925-2001) foi um dos maiores divulgadores do sonho em São Paulo – por isso, nesse roteiro, a Benjamin Abrahão foi escolhida para apresentar o sonho tradicional. Na década de 1940, ele e a mulher, Maria Luísa, alugavam um forno à noite para assar os doces e salgados que seriam vendidas numa banca de feira no dia seguinte. O sonho era uma dessas receitas. “Naquela época, o doce era caro, principalmente por causa da baunilha”, conta Felipe Abrahão, neto de Benjamin e sucessor do avô na área de panificação. “Por incrível que pareça, os maiores compradores eram japoneses, que estavam acostumados a doces mais secos, como aqueles feitos com feijão azuki”. Mesmo trabalhando com um grande mix de produtos, Felipe não deixa faltar o sonho, colocado em lugar de destaque nas vitrines da padaria. “Fazemos todos os dias 12 sonhos, assados e fritos, do grande (R$ 4,60) e 20 sonhos, com creme e sem creme, do mini (R$44/kg)”, explica. “Se fizermos um a menos, um cliente ficará sem”. Na loja, ele oferece apenas o tradicional, recheado com creme de baunilha. Outros recheios, como brigadeiro, doce de leite e goiabada, só são feitos sob encomenda. R. Maranhão, 220, Higienópolis, 3120-8070.
Spadaccino – Bombolones
Os bombolones são a versão italiana do sonho. “Meus avós tinham uma padaria em Bolonha, na Itália”, conta Paula Lazzarini, sócia do restaurante Spadaccino, na Vila Madalena. “Eles faziam o doce lá. Mas, quando vieram para São Paulo, a família perdeu o costume”. Por sempre achar os sonhos brasileiros muito pesados, Paula viajou em 2011 para Bolonha atrás de uma receita. Foi até um confeitaria que vendia apenas sonhos e crepes. Sua memória afetiva dizia que tinha sido ali que ela experimentara o melhor bombolone da região. “Estava na fila, esperando pelo pedido, quando ouvi o dono comentar que iria fechar o estabelecimento”, relembra. “Não tive dúvida: pedi que ele me passasse a receita”. Mesmo com a tarefa cumprida, Paula tinha receio de não conseguir dar ao doce o mesmo sabor e leveza. “Depois do dia em que meu irmão comeu 18 bombolones no café da manhã, cheguei à conclusão de que tinha encontrado a receita certa”. Os bombolones são a principal atração do brunch servido aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 13h. Mas, nesses dias, eles podem ser pedidos também à parte, com recheio de baunilha (R$ 3,00), goiaba (R$ 4,00), damasco, nutella (R$4,50). R. Mourato Coelho, 1267, Vila Madalena, 3032-8605
Marie-Madeleine – Brioche Troppézziene
Em Saint-Tropez, na França, o Brioche Tropézziene foi criado por um ex-paraquedista polonês, que participou da libertação da Riviera Francesa ao final da Segunda Guerra. Apaixonado pela região, ele decidiu abrir ali uma padaria que, entre baguetes e croissants, vendia também um bolo de massa leve, recheado com muito creme, que era receita da mãe. Em 1952, durante as gravações de “E Deus Criou a Mulher”, a jovem atriz Brigite Bardot se apaixonou pelo doce e, com o estrelato, popularizou a receita como sua sobremesa preferida.
Agora, em São Paulo, o doce desembarca pelas mãos do chef francês Jean-Louis Clément, trazido para a cidade pela chef Izabel Pereira, dona da butique de pães Marie-Madeleine. O formato do doce lembra o de um sonho, mas a receita é diferente. A massa leve, de brioche assada, é recheada com creme mousseline (creme de pâtissière batido com manteiga para ficar mais aerado). “Um de nossos clientes assíduos provou e se encantou”, conta Izabel. “Naquele dia, comprou todos os que haviam saído”. O Brioche Tropézziene é vendido nos tamanhos mini (R$5,00), pequeno (R$12,00) e grande (R$50,00). “Alguns clientes ficam curiosos com a aparência do doce e outros conhecem bem a região de Saint-Tropez e vêm matar a saudade”. R. Afonso Bráz, 511, Vila Nova Conceição, 2387-0019
Maria Louca – Helena
O sonho não acabou? Acabou, sim! Certa ocasião, na Casa de Pães Maria Louca, no Ipiranga, um cliente chegou desesperado atrás de um sonho, mas a fornada seguinte iria demorar para sair. Percebendo que o rapaz ficara desolado, o confeiteiro improvisou: pegou uma rosquinha de sonho (que tem a mesma massa e tamanho do sonho), cortou-a no meio e colocou o tradicional recheio de baunilha. “O doce recebeu o nome de ‘Helena’, uma homenagem que o confeiteiro fez para a filha”, conta a atendente Elisângela de Souza Santana. “Hoje trabalhamos com os dois tipos”. O sonho grande custa R$ 5,00, enquanto o Helena sai por R$ 4,30. “Aqui, quando o sonho termina, a Helena entra no seu lugar”, brinca Elisângela. R. dos Patriotas, 874, Ipiranga, 2219-7070
A Quinta do Marquês – Fofo de Belas
Com tradição em doces portugueses, A Quinta do Marquês oferece o Fofo de Belas (R$ 4,50/uni. ou R$24/ 6 uni.) muito parecido com o sonho, em seu tamanho e seus ingredientes. O doce foi criado há cerca de 200 anos por uma pasteleira portuguesa na Vila de Belas, em Sintra. Inicialmente, o doce recebeu o nome de “Farto de Creme”. A massa de pão de ló assada leva recheio de creme de baunilha e açúcar polvilhado por cima. A Quinta do Marquês também oferece o sonho tradicional, com recheio de baunilha ou doce de leite, tanto grande (R$ 4,00) quanto mini (R$ 24/kg). Av. Brigadeiro Faria Lima, 1853, Jardim Paulista, 3371-2300
(Com colaboração de Beatriz Duarte)
Marcelo, anotados tds os endereços e lá vou eu peregrinar pelas padarias referenciadas aqui… Eu, que AMO sonho de padaria!!!
o melhor sonho de são paulo é o da padaria do santa luzia, com favas de baunilha.
Marcelo, anotados tds os endereços e lá vou eu peregrinar pelas padarias referenciadas aqui… Eu, que AMO sonho de padaria!!!
o melhor sonho de são paulo é o da padaria do santa luzia, com favas de baunilha.
Marcelo, parabéns pelo excelente post. Sendo um aficionado pelo sonho adorei ler e já guardei a história. Um abraço. RG
Venha provar nosso sonho e não se arrependera.
Sonhos , tortellini(cappeleti) e festival de alcachofras eu desafio…….
Marcelo, parabéns pelo excelente post. Sendo um aficionado pelo sonho adorei ler e já guardei a história. Um abraço. RG
Venha provar nosso sonho e não se arrependera.
Sonhos , tortellini(cappeleti) e festival de alcachofras eu desafio…….
Adorei a reportagem!
Moro na Alemanha, e todo domingo tem “Berliner” no café da manha. Eu sempre comento com o meu marido que, no Brasil, temos o sonho, que é bem parecido. Nao sabia que o daqui é o “original”. rs
A principal diferenca é que aqui nao é com creme de baunilha, mas com geléia de frutas (geralmente, morango).
Parabéns pela reportagem!
Helena,
Estive este ano em Cologne e Comi os Berliners na geleia, mas sinceramente, nosso sonho (SPADACCINO) é mais leve e menos doce.
Adorei a reportagem!
Moro na Alemanha, e todo domingo tem “Berliner” no café da manha. Eu sempre comento com o meu marido que, no Brasil, temos o sonho, que é bem parecido. Nao sabia que o daqui é o “original”. rs
A principal diferenca é que aqui nao é com creme de baunilha, mas com geléia de frutas (geralmente, morango).
Parabéns pela reportagem!
Helena,
Estive este ano em Cologne e Comi os Berliners na geleia, mas sinceramente, nosso sonho (SPADACCINO) é mais leve e menos doce.
O sonho do Benjamin Abrahão é fantástico. O creme de baunilha é diferente de todos os outros. Derrete na boca! Além de ser sequinho e ter a opção de sonho assado também. Sou super fã.
O sonho do Benjamin Abrahão é fantástico. O creme de baunilha é diferente de todos os outros. Derrete na boca! Além de ser sequinho e ter a opção de sonho assado também. Sou super fã.
o melhor sonho de são paulo é o da padaria do santa luzia, com favas de baunilha. ponto final.
o melhor sonho de são paulo é o da padaria do santa luzia, com favas de baunilha. ponto final.
Também pedindo perdão pelo trocadilho, achei os preços desses doces um tanto salgados. Não vou entrar no mérito da qualidade, mas acho que os sonhos vendidos por não mais que 2 reais em padarias de bairro e supermercados cumprem, na minha opinião, plenamente o objetivo, que é matar a minha vontade de me lambuzar com um sonho.
cada um com seu paladar. sorte a sua q se contenta com produtos inferiores. chocolate pan é bem mais barato do q vahlrona.
Também pedindo perdão pelo trocadilho, achei os preços desses doces um tanto salgados. Não vou entrar no mérito da qualidade, mas acho que os sonhos vendidos por não mais que 2 reais em padarias de bairro e supermercados cumprem, na minha opinião, plenamente o objetivo, que é matar a minha vontade de me lambuzar com um sonho.
cada um com seu paladar. sorte a sua q se contenta com produtos inferiores. chocolate pan é bem mais barato do q vahlrona.