Procurado”. A famosa palavra estampada em cartazes nos filmes de faroeste foi parar em um mural do boteco Rei do Picadinho,  inaugurado em agosto passado, na região de Cidade Jardim, em São Paulo.  Os retratos que estão ali são de alguns dos principais críticos gastronômicos de São Paulo, casos de Josimar Melo, da Folha de S. Paulo e do portal gastronômico Basílico; Luiz Américo Camargo, autor do livro “Pão Nosso” e colunista do “Blog do Paladar”, de O Estado de S. Paulo; Ailin Aleixo, criadora do site “Gastrolândia”; Arnaldo Lorençato e Helena Galante, de Veja S. Paulo; e José Orenstein, repórter do caderno Paladar, de O Estado de S. Paulo. O mural foi instalado no feriado de 12 de outubro.

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O mural do Rei do Picadinho traz cartazes de “Procurado” com as caras dos principais críticos gastronômicos da cidade

Diz a lenda que os chefs costumam deixar fotos dos críticos penduradas na cozinha. Só que agora a brincadeira foi parar no salão. Desse modo, fica mais fácil para os funcionários identificarem os críticos caso eles apareçam. “Quisemos gerar um burburinho em torno disso”, assume Ricardo Thamer, 42 anos, um dos sócios da casa.  O jornalista que for identificado dá duas doses de cachaça para o informante. Um nova versão da “delação premiada”. O cliente pode ainda sugerir outros nomes que ache pertinente para figurarem no mural.

“Mesmo que hoje em dia seja impossível não ser reconhecido, o crítico não deve se identificar, nem fazer reservas em seu nome”, explica Josimar Melo. “No Brasil, os jornais nunca tiveram força para fechar um restaurante com uma crítica. Subjetivamente, as opiniões podem ser úteis para a parcela de leitores que leem, e mesmo para o restaurante, que pode levar em conta as observações”.

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“Acho engraçado, folclórico”, comenta o jornalistas Luiz Américo Camargo

“Acho engraçado, folclórico”, diz Luiz (com “z”, pessoal do Rei do Picadinho!) Américo Camargo, ao saber que sua foto está no mural. Não é a primeira vez que ele está na lista de  “procurados” pelos chefs. Luiz conta que já teve sua foto pregada na parede da cozinha do Tartar & Co., do francês Erick Jacquin,  jurado do reality MasterChef Brasil. Quem lhe contou a história foi o próprio Jacquin, que descobriria depois de algum tempo que as fotos, retiradas do Google, estavam erradas.

“Crítica é um pensamento, é uma opinião embasada, que exige conhecimento e vivência”, afirma Luiz Américo. Para ele, quem deseja se lançar nessa atividade deve comer muito para adquirir cultura gastronômica; ter método, atenção, critério editorial e conduta ética, e saber expressar as ideias e impressões para transmitir de forma clara para o leitor a sua experiência. Isso vale para os jornais, os blogueiros e até para os críticos de redes sociais.

Ricardo está ansioso pela visita dos críticos – e, pelo visto, também da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, que estão entre os “procurados” do mural. “De todas as opiniões, podemos tirar lições valiosas para melhorar o negócio”, afirma.

SERVIÇO
Rei do Picadinho
Rua Iguatemi, 488, Itaim-Bibi
Tel.: 3881-3777