Nos últimos doze meses, duas empresas paulistanas colocaram 108 novos food-trucks nas ruas. Tem caminhão de hambúrguer, de massa italiana, de paletas mexicanas e até de paellas espanholas. Não se sabe ainda se todos os empreendedores estão se dando bem, mas a adaptação dos caminhõezinhos virou um grande negócio. O faturamento mensal de empresas como a Icebox e a Bumerangue tem chegado perto de 150 mil reais, valor informado pelas próprias empresas.

A Icebox foi fundada em 1965. Fica no bairro da Vila Maria, em São Paulo, e emprega 12 funcionários. “Antes, a maior parte dos projetos era a fabricação de baús para cargas secas”, conta Fernando Mincarone, proprietário da empresa. Há um ano e quatro meses, a demanda pela personalização cresceu em números absurdos e agora representa 90% do faturamento. Desde então, Fernando conta que a Icebox entregou 28 trucks. Cada caminhão leva cerca de 90 dias para ser fabricado.

“Recebi meu truck em 2 meses, mas, quando qualquer coisa acontece com ele, ligo e eles resolvem na hora”, elogia Fernando Sanchez Palenca Fernandez, 55, dono do caminhão Paellas Don Fernando , customizado pela Icebox.

Don Fernando chega a vender 1.300 paellas por evento

O caminhãozinho da Don Fernando chega a vender 1 300 paellas por evento

O Don Fernando é especializado em comida espanhola. Sanchez veio de Granada, na Espanha, em 1960, junto com os pais e oito irmãos. A família ainda mantém um restaurante na Espanha, que funciona há 30 anos. “Quando surgiu a ideia do food-truck, abracei na hora”, diz. O investimento foi de 220 mil reais. “A itinerância é o diferencial que o caminhão oferece, pois um restaurante fixo não consegue chamar o cliente”. Sanchez chega a vender 1 300 paellas por evento. Tem também filé à parmegiana, caipirinhas e sangria.

A Bumerangue é mais nova que a Ice Box. Existe desde 1987 e tem 30 funcionários. “Sempre trabalhamos com carros para alimentação”, afirma Celso Oliveira. A partir de 2013, com a entrada pesada de investidores no mercado dos trucks em São Paulo, as adaptações ficaram mais complexas e trabalhosas. Essa melhoria no tratamento fez com que os vendedores ambulantes aumentassem o preço dos produtos vendidos e se intensificasse ainda mais a “gourmetização” das comidas de rua.

Alessandra Almeida, 38 anos, proprietária de uma Kombi 96 especializada em massas artesanais, conta que gastou 32 mil reais no “carrinho”  produzido pela Bumerangue. “Eu e meu sócio, Rogério Citero, já tínhamos uma rotisseria no ABC, a Roalle, aberta em 2012. A Kombi demorou 5 meses para ser entregue. “Agora nós alcançamos mais pessoas. Já fizemos 15 eventos num único mês e a expectativa de crescimento é muito alta”. A Roalle móvel leva para cada final de semana cerca de 60 litros de molho de tomate e 20 quilos de massa para preparar os pratos que serão servidos. O mais pedido é o sorrentino, massa recheada, que pode ser servida com molho pomodoro ou molho branco.

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A Kombi de Alessandra, da Roalle, levou 5 meses para ficar pronta e custou 32 mil reais

O preço para adaptação dos carros começa em 30 mil reais. Mas esse valor pode ficar estratosférico, de acordo com os equipamentos pedidos pelo cliente. As duas emprestas atendem também todas as normas legais dos órgãos fiscalizadores, que são muitos – Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Prefeitura, Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). “Comer na rua é eterno”, vibra Celso Oliveira, da Bumerangue. “A comida de rua está mais viva do que nunca”.