A quebra de pratos, costume tradicional grego, tem muitos significados. O mais conhecido nasceu de um ato de rebeldia. Durante a dominação do império turco-otomano no país, entre 1453 e 1821, quebrar um prato significava afirmar que “no prato onde um grego comeu, um turco não comerá!” Apesar disso, a tradição é datada de 4 mil anos. A quebra das cerâmicas era uma maneira de espantar os maus espíritos.

A Gioconda Heleniká Pizza Grega, no Brooklin, organiza a quebra de pratos desde o final de 2012, no final das noites de quinta, sexta e sábado. “Na Grécia, a quebra de pratos em lugares públicos foi proibida”, conta a chef brasileira Helena Dimitrios Roditis. “Muitas pessoas que viajavam até lá não conseguiam presenciar esse momento e pediam para mantermos essa tradição no restaurante”. O quebra-quebra começa por volta das 23h e é sempre temático. Às quintas, o tema é dinheiro e sucesso profissional; às sextas, amor e espiritualidade; e aos sábados, casamento. “Nós fizemos uma adaptação do ritual na Grécia”, explica. “Os temas e dias variam em cada família e são passados de geração em geração”.

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A chef Helena Dimitrios Roditis, descendente de gregos

Os pratos que serão quebrados são feitos em gesso, não têm acabamento e custam 8 reais para os clientes da pizzaria. Neles, as pessoas escrevem o nome e os pedidos. Helena garante que, além de espantar as coisas ruins, os pratos também ajudam na realização dos desejos. Pelo menos ela já testemunhou vários. “Já vi gente que quebrou prato aqui e, em menos de um mês, conseguiu um emprego”, diz. “Tivemos casos de clientes que vieram como conhecidos e acabaram se casando”. No final do ritual, a equipe demora cerca de meia hora para limpar os cacos espalhados pelo chão. Mas há quem prefira deixar os pratos pendurados na parede do restaurante, que já somam 300.

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Pratos quebrados no chão após o ritual na Gioconda Heleniká

A Gioconda Heleniká foi inaugurada em 2010 e traz no cardápio uma receita da pizza que veio da Grécia pelas mãos da chef Helena. Sua família mantém há 87 anos uma pizzaria na Ilha de Rhodes e a composição da massa é a mesma da feita lá:  farinha, sal, açúcar e azeite grego. Sem o uso de fermento, ela fica fina e crocante, semelhante ao pão pita. Mesmo tentando seguir fielmente a tradição, Helena precisou fazer algumas adaptações para o gosto do brasileiros. “No começo, tentamos colocar iogurte grego, creme de leite, pimentão”, explica. “Como não agradou, acabamos abrasileirando os sabores das pizzas”.

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Pizza grega da Gioconda Heleniká, com coberturas abrasileiradas

Serviço:
Gioconda Heleniká Pizza Grega
Rua Guararapes, 1882, Brooklin
Tel.: 5505-7323
Seg. a sex.: 12h/15h e 18h30/23h; sáb.: a partir das 18h30