A exposição Game On, que conta a história do videogame, chega a seu segundo final de semana no Museu da Imagem e do Som. Todas as peças são jogáveis, exceto pelo Computer Space (primeiro arcade), o Brown Box (protótipo do primeiro console caseiro, o Magnavox Odyssey) e a réplica do PDP-1 (computador usado para fazer o primeiro jogo digital, Spacewar!). São 120 games no total. A ideia é da galeria de arte londrina Barbican, que realiza o evento desde 2001.
É a primeira vez que a Game On veio para o Brasil. Os últimos anfitriões foram Monterrey (México), Dublin (Irlanda) e Bruxelas (Bélgica). Em todas elas, houve um fator em comum: do grupo de ingleses que vem para a inauguração, um permanece no país onde a exposição estará durante os próximos quatro ou seis meses: Patrick Moran. “Só consigo ver a minha família duas vezes por ano, entre uma exposição e outra”, diz ele.
Além de ajudar a planejar a mostra e ser o porta-voz da Barbican no país estrangeiro, Moran tem outra função que exige que ele esteja bem próximo da Game On. É ele quem conserta todos os consoles e acessórios de games usados na exposição. E não é pouco trabalho. Nos 9 primeiros dias de Game On em São Paulo, ele precisou fazer 18 consertos – ou seja, dois por dia, incluindo consoles e joysticks.
Esses videogames são antigos, frágeis e raros. Para um admirador da tecnologia, não dá um pouco de ciúmes deixá-lo nas mãos de qualquer visitante?
Um pouco, mas só no começo. Mas o objetivo da exposição é permitir que as pessoas vivam e joguem a história dos videogames. É incrível ver como as crianças que chegam ao museu podem se divertir, décadas depois, com os jogos que entretiam seus pais ou avós. Isto é um grande prazer para mim.
Você tem apenas 26 anos. Onde você aprendeu a consertar videogames tão antigos?
Desde adolescente, modificava consoles. Cresci jogando em um BBC Micro e, depois, nos aparelhos da Nintendo. Os videogames se tornaram uma paixão. Quando conheci o staff da Barbican, fui treinado pelo Barry Hitchings, um técnico mais experiente, que atualmente cuida da Game On 2.0 [exposição semelhante que estreia em fevereiro de 2012 na Noruega].
O que você faz se um dos consoles da exposição quebrar de vez?
Ainda não aconteceu isso conosco. Os hardwares pifam diariamente, mas sempre conseguimos fazê-los voltar a funcionar. Pode demorar dias ou semanas. Porém, existem casos em que compensa mais comprar um console novo do que consertá-lo – um PlayStation, por exemplo, é facilmente substituível, mas a maior parte das peças da coleção não tem essa característica.
Quais são os consoles que mais dão problemas?
Com certeza, os antigos arcades. Feitos para os fliperamas, eles não eram projetados para ter muito tempo de vida. Missile Command, por exemplo, um arcade da Atari de 1980, vive dando problemas. Agora mesmo, está indisponível aos visitantes até que eu o arrume novamente. Se não fôssemos contar apenas consoles, diria que os controles também quebram muito: praticamente todo dia, tenho que arrumar um.
Serviço:
Avenida Europa, 158, Jardins, 2117-4777
12h/21h. Sáb., dom. e fer., 11h/21h. Fecha 2ª.