Muitas vezes eles são confundidos com as velhas carrocinhas. Mas os veículos do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) circulam pela cidade, na verdade, para resgatar animais em situação de risco, como maus-tratos e abandono. Nenhum deles vira sabão, como diz uma velha lenda urbana. Eles ficam mesmo à espera de um novo lar. Para apresentá-los a possíveis donos, são promovidas Festas de Adoção como a que aconteceu hoje, dia 18, na sede do CCZ, em Santana.

A I Festa de Adoção de Inverno – “Loucos para Aquecer seu Coração” – começou às 10h e se estendeu até as 16h. Neste período, qualquer pessoa podia entrar e conhecer os cerca de 400 cães e 100 gatos – a maioria deles sem raça definida. Era o caso de “Rabito”, de 3 meses. O cachorro foi adotado por Cauã, de 7 anos. “Já tínhamos pensado em adotar, mas não encontrávamos um cãozinho adequado”, conta a mãe, Andresa Paiva. Cauã e a irmã mais nova, Ana Luisa, escolheram o vira-lata preto e branco por ser brincalhão.

O termo “festa” é usado pelos organizadores no lugar de “feira” para não passar a ideia de venda. Pela adoção de cada animal, o CCZ  cobra uma taxa de R$ 16,20, correspondente à emissão do RGA do bichinho. Para emocionar os visitantes ainda indecisos,  os funcionários organizaram um desfile especial. Vestidos com roupas de inverno, os cachorros atravessavam uma passarela, enquanto eram fotografados e acariciados por potenciais futuros donos. Ao mesmo tempo, um locutor contava a história do animal e falava suas características principais.

Com apenas 10 anos, Enzo Gabriel Teixeira já se gabava de ter salvo a vida da gata “Belinha”, que tem menos de dois meses. Ela foi encontrada junto a outros dois filhotes no fundo de um cano em uma escola municipal. “Pensaram que eram restos de comida e iam jogar água quente”, conta Enzo. “Já pensou o que podia ter acontecido com ela?” O estudante visitou a festa com os pais para tirar o RGA de “Belinha”, que vai fazer companhia à outra gata da família.

A médica veterinária Telma Rocha Tavares, que trabalha há três anos como subgerente em vigilância e controle de animais domésticos no CCZ, conta que os filhotes de cachorro são mais procurados. “No começo da festa, boa parte dos filhotes já encontra donos”, afirma. Restam, então, os animais adultos, que podem ter estadia longa no canil. “Quando são idosos, então, a dificuldade é maior ainda.”

Pablo Praxedes não viu problemas em adotar um idoso e levou para casa “Jorginho”, de 13 anos. O  cachorro é totalmente cego. O novo dono soube de sua existência pelo Facebook. “Alguém o abandonou e eu decidi vir aqui assim que soube da história”, conta o vendedor de 33 anos, que tem outro cachorro em casa (o yorkshire terrier “Horácio”, de 6 anos). “Ele está envelhecendo e achei que precisava de uma companhia animal”, diz Praxedes.

Adriana Cavalcanti e o filho, João Pedro, de 4 anos (que só gosta de sair em fotos escondido, como na imagem abaixo), adotaram há quatro meses a cadela “Zaira” em uma ONG. Foram hoje à Festa de Adoção para levar mais um cãozinho para casa. Fizeram o que o CCZ recomenda: levar o animal de estimação até o canil para saber se ele se dará bem com o novo companheiro.

Não são comuns os casos de devolução de animais ao CCZ. “Quando acontecem, geralmente são por conta de um filhote que cresceu mais do que a família esperava, ou que não foi educado adequadamente”, explica a veterinária  Telma. O dono que devolver um animal em até 30 dias deve responder um questionário para explicar o que deu errado. Caso haja abandono, a pessoa pode ser autuada pelo órgão. “O animal de estimação não é um objeto e deve ser tratado como membro da família”, afirma.

As festas de adoção são realizadas a cada dois ou três meses. Mesmo nos períodos em que elas não acontecem, qualquer pessoa com mais de 18 anos pode visitar a sede do CCZ para conhecer os bichinhos e, quem sabe, levar um deles para casa. Basta levar RG, CPF, comprovante de residência e uma maneira de conduzir o pet: coleira e guia, para cachorros, e caixa de transporte, para gatos.

Serviço:
Centro de Controle de Zoonoses
R. Santa Eulália, 86, Santana, 3397-8900
9h/17h (sáb., até 15h; fecha dom.)

(Com colaboração e imagens de Míriam Castro)