Cerca de 20 cães terapeutas se preparam para – literalmente – dar o sangue por uma causa nobre. Todos estão saudáveis, têm entre 1 e 8 anos de idade e pesam mais de 25 kg. Amanhã, sábado (30), eles serão os protagonistas de uma maratona de doação de sangue realizada pela ONG Inataa (Instituto Nacional de Terapia Assistida por Animais) no Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi, campus do Brás. O objetivo é chamar a atenção para a necessidade de estoque de sangue para transfusão em hospitais veterinários.

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O golden retriever Google, um dos doadores da ONG Inataa (Bicho Grilo para Inataa/Divulgação)

Assim como os humanos, os animais também são divididos em grupos de tipos sanguíneos. “São 13 tipos conhecidos, mas estudos vêm mostrando que pode haver até 20”, conta o médico veterinário Márcio Moreira, coordenador do Banco de Sangue do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi. Ele explica ainda que, diferentemente dos humanos, o cães não têm anticorpos naturais contra tipos sanguíneos diferentes dos seus. “Por isso, é rara a reação auto-imune em primeiras transfusões”. Depois de sensibilizado, o corpo do cão produz os tais anticorpos, e aí é preciso tomar cuidado com a compatibilidade. “Para saber se um cão pode ou não receber o sangue de um doador, mistura-se o sangue dos dois animais antes do procedimento, e observa-se se há ou não reação”, explica o veterinário.

O banco de sangue aceita doações de cães de todas as raças, mas algumas delas demandam maior atenção dos veterinários. É que um dos 13 tipos sanguíneos dos cães, conhecido como DEA 1.1+, é mais reativo do que os demais. Segundo Márcio Moreira, o antígeno aparece em quase 90% dos rottweillers e em 60% dos pastores alemães. “Por outro lado, nossos estudos com pit bulls mostram que 70% deles são negativos para o DEA 1.1”. Um boato que circula na internet garante que cães são potenciais doadores para gatos, mas Márcio Moreira é incisivo: “As transfusões não devem ser feitas entre espécies diferentes”.

Os donos de cães saudáveis que se encaixam nas condições de doadores não precisam esperar uma campanha para doar o sangue de seus animais. Os bancos de sangue dos hospitais veterinários da cidade estão sempre precisando aumentar seu estoque. Para doar sangue para o Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi, o cão tem que ter mais de 25 quilos e idade entre 1 e 8 anos, além de ser dócil e estar em ótima condição de saúde – vacinado, vermifugado e com controle de ecto e endoparasitas em dia. O volume coletado é de 450 ml, mesmo dos seres humanos. Todos os doadores ganham uma avaliação veterinária gratuita.

No Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (Hovet – USP), aceitam-se doações de cães em condições semelhantes às descritas acima. Lá também não se faz transfusão entre espécies. “Esse procedimento é, em geral, mal sucedido”, justifica a médica veterinária Ludmila Moroz, doutoranda na área. “Os gatos, por exemplo, só têm três tipos sanguíneos”. Assim como na Anhembi Morumbi, no Hovet – USP cão doa para cão, gato para gato e cavalo para cavalo. Como os gatos são mais ariscos que os cachorros, eles são sedados antes do procedimento. Todos os animais recebem em troca da doação uma bateria gratuita de exames sorológicos.

Serviço

Campanha de doação de sangue Inataa
Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi
Rua Conselheiro Lafaiette, 64, Brás
A partir das 8h

Onde doar sangue do seu bicho

Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi
Rua Conselheiro Lafaiette, 64, Brás
Tel. 2790-4642

Hovet – USP
Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87, Cidade Universitária
Tel. 3091-1221

Pets & Life
Rua Araicás, 35, Jaguaré
Tel. 3624-3958

Hemovet
Rua José Macedo, 98, Parque São Lucas
Tel. 2211-1990